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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Copacabana, meu amor.

Todos os bares da augusta sabem de você, mulher. E se todas aquelas mesas, balcões e cadeiras pudesse falar.. Ah! Cada muro dessa cidade teria um poema sobre tu, em cada parede de banheiro sujo teria um rabisco com teu nome e o meu.

Dizem que depois da meia noite, nada descente acontece. E isso pode vestir bem aos puritanos porque é depois da meia noite que o ego vai, que as máscaras caem, que os corpos caem e que as roupas caem.

E é sempre depois da meia noite fumando um cigarro que tu vem até mim, como um fantasma que já reconheço noite adentro. Não estranho quando tu solenemente vem me visitar. Você já tem e reconhece o seu lugar. É menina, depois de tanto tempo tentando desvendar tuas cicatrizes ou o seu olhar. Te sirvo um um vinho e ascendo seu cigarro. Me conta, como foi o seu verão?

Eu já não espero mais por você. E eu acredito que tu também não me espera mais.
Entendemos que no fim, te reencontro após a meia noite, nos bares ou nas esquinas. Seja eu no Sul ou você no Norte. Tu casada com dois filhos, ou eu com aquele menina de decote. Seja tu em copacabana ou eu no corre. Não importa, Seja como for, no meio de tantos corpos, hoje eu reconheço suas cicatrizes e mais, hoje eu reconheço seu olhar que pode não me amar, mas nunca me esquecerá.
E eu te pergunto; O que é o calor de Copacabana comparado ao nosso beijo?

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Nem todo Carnaval tem seu fim.

Existem partes de você, menina. Que dilui-se pelo espaço, que dilui-se nos meus poros e no nosso abraço. 


Já era madrugada quando eu te olhei e vi constelações inteiras em você. ja era tarde, foi tarde e como diria Cortázar; a sua... e somente a sua boca foi eleita entre todas, com soberana liberdade, eleita por mim para desenhá-la com a minha mão. E assim como Andrômeda, eu caminho tênue para colidir em você. 


Existem seus beijos , suor e saliva em outros corpos e pouco me importa, amor. desde que você não se esqueça de que semana que vem tem Carnaval. 


Carnaval na nossa cama. 


E se você quiser, essa será a nossa festa. E eu, que não pertenço, posso prometer te pertencer nas noites de Solstício de verão e te relembrar, meu bem. Que apesar do cosmos, do mar e de tudo que não podemos explicar, eu deixo você ficar.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

O Retorno de Saturno

Era meio dia quando eu abandonei meus vicios, quando eu me comportei e te ofereci tudo que o vulgo descente deve propor. Eu me despi dos meus poemas de secanagem, eu voltei as 19h para o jantar. Eu comprei um carro. Te fiz um jardim e aos domingos assisti seus filmes. 

Eu redecorei a sala

Te comprei flores e te fiz o jantar

Adotei seus gatos e cachorros 

Eu coloquei meus discos em um canto, e te levei para ver aquele musical brega.

Eu vesti blazer para ir a um bar.

Era sexta a noite e os botecos da cidade me procuraram e eu prontamente desliguei o telefone. 

Eu posso dizer que esses momentos foram importantes porque você estava lá e esse não  é um texto de arrependimentos

Mas eu não fui mais a praia e nem pintei um quadro

Eu não li mais Bukoswki

Eu não escrevi 

Eu não fui mais ao cinema. Nem mararonei os filmes do Tarantino

Eu não fui mais tomar um café a tarde e ler meus livros do Stephen

Eu não fui mais ao parque em um domingo de manhã 

Eu joguei fora meus charutos e nunca mais coloquei para tocar aquele disco do Mingus

Não comprei mais meu Bourbon

E nada disso foi culpa sua. 

Eu de bom grado me anulei e não me notei.

Mas mulher eu não pertenço a esse lugar de mesas limpas e lustres bonitos. Porque eu gosto do caos, eu gostos dos bêbados, putas e vagabundos. Eu gosto dos botecos e de música podre.

Eu gosto dos que queimam, dos que não tem medo de arriscar, dos que desejam, se jogam e aceitam a queda mesmo que  debruçados numa mesa de bar, mas com um bom whisky 

Eu quero ver o mundo em chamas, eu quero a minha cama tão quente quanto o Katla

Porque é no estrago que nos encontramos, que nos reconhecemos e veja bem, isso sim faz sentido afinal. 

Tu disse que Kerouac era um louco e é dessa loucura que o mundo precisa 

"porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, e por fim né sāo aqueles queimam como fabulosos fogos de artifício, explodindo como constelações 

Então o engano é meu, eu não sou mulher para tu, e tão pouco acho que sou mulher de alguém ou para alguém. 

Essa é minha maldição ou minha glória e a um consenso entre minha insanidade e sanidade, no final da noite, elas voltam chapadas e se fodem. e é sempre uma boa noite! 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

É tempo de Verão

 

Um dia tudo passa amor, só não o medo de por descuido olhar para trás

Um dia tudo virá pó de estrelas e existirá em outro tempo

Um dia eu e você não fará mais sentido, e muito menos aquela música de Nando e Roberta

Um dia, será só mais um dia sem você.

terça-feira, 15 de junho de 2021

Belíssima


Seus olhos nunca mentiram, amor. Eles nunca se despediram. 
Seus olhos desde aquele dia me sorriram. 
E nesse pequeno mundo cor de mel eu pude me ver e descobrir o quanto ainda posso me perder.
Olhos de amor, como os teu, morena. eu juro, não tem! Sete mares, em todos continentes, dez mil vidas, eu te reconheceria.
Assis escreveu sobre Capitu, olhos de cigana! Ah, rapaz. Tu não conheceu a minha morena: olhos de amor, tu é a melhor versão de Capitu.
Seus olhos beijaram os meus lábios  incontáveis vezes, menina. 
Nossos olhos, almas gêmeas nesse mundo louco, casaram então. em segredo e silêncio absoluto, nossos votos foram entregues em um segundo. 

"Dizem por aí, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor, mas isso sim é certeza."


quarta-feira, 17 de março de 2021

Fragmentos




Precisei alimentar as frases vazias e esquecidas, escritas num pedaço de papel, amassadas pelo quarto, ou será, dentro daquela caixa no canto?

Eu precisei, mulher! Não foi por maldade, talvez por fraqueza e posso culpar esse whisky barato que acabo de terminar e dizer foi por saudade...

Foi para ler sobre você. e descobrir um pouco mais sobre mim

 ‘’ estou te escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Penso em você, penso em você com força e carinho, Axé’’

 Falo também que foi para entender em que diabos de luta continua ou esquina eu fui por fim nocauteada

E depois desse coma, amor. de passar por tantos dias, meses e anos sem querer pensar ou entender. De simplesmente sobreviver eu dou meu primeiro suspiro de paz, caminho tênue por esse quarto que poderia dizer ‘’ tem alguns metros quadrado’’. Não muitos, minha matemática é ambígua e destroçada, mas sei te dizer com exatidão por quantos dias e anos eu amei você. mas caminho firme e apesar de ‘’alguns metros quadrado’’, te digo, essas palavras me levam a outra dimensão.

‘’até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. ’’

 Ah, Caio. Eu sei, eu posso sentir a euforia de Sérgio ao te ler! De desencontros em noites e mais, devo concordar, não acho bonito que a gente se disperse assim. E eu também não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir. 

Hilda nos compreenderia, né? ''a enorme incoerência. De desamar, amando. E te lembrando’’

De tu sim, eu personifico a minha frase feita de; Almas predestinadas se encontram e reencontram.

Que não te falte poesias, amor

Que não te falte beijos

Jantar ou café a mesa

Que não te falte abraços e cuidados com suas lamúrias e disfarces

Com suas dores e tempestades

Que não te falta cartas e telefonemas

Que não te falte morangos, ou aquele seu prato preferido

Que não te falte cigarros e sorrisos

Que a minha falta te abandone quando esse poema acabar

Que nos teus espaços, traços e linhas

Cores te (re)invente

 

‘’mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.

p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.’’

 

 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

505

 

Meu amor essa noite eu voltei para casa

Como a muito tempo não fazia. Eu deixei meus sapatos no canto da porta, larguei meu maço de cigarros na sua mesinha e coloquei 505 do Arctic Monkeys para tocar

E entrei não só nua dos pés, mas também da alma, fui ao encontro de ti, me surpreendi ao ver que eu ainda era tua e você minha.

E eu te amei, amei tua existência que para mim já não era simbólica. era vivida e me devorava

E eu me vi tão feliz...

E depois vi nosso lamento, e tentamos, amor. Guardar todos os beijos, abraços e riso, como quem tenta guardar o vento.

Noite dessas depois tanto remoer, e me deixar dissolver te entregando assim, tão passivamente a outro ser. Eu pude ver, meu bem...

E quero te contar minha menina, nosso amor é uma paisagem estática que foi esculpida pelo tempo. Eu volto vez em quando, deixo meus sapatos no canto da porta, meus cigarros na mesinha, coloco 505 para tocar. e outra vez sou tua.

Já está amanhecendo. Quando você volta, amor?

 

domingo, 2 de agosto de 2020

O Preço

Mais um boteco, mais uma mulher, mais uma noite, mais uma semana, e quando acordarmos já terá se passado um ano

Mais um carnaval

Mais um aniversário

Mais cinco anos

E quando nos reencontrarmos já terei 30

E meus 17? 

E toda aquela coragem e euforia?

E aquele emprego que eu queria?

E meus planos de ir morar numa casinha em Avaré? Que poderia ser até de sapê

E aquela cachoeira que visitaríamos?

E aquela viagem para Paris?

E aquele bar que você ficou de me levar? 

E Embu das Artes?

E aquele encontro que marcamos á tarde?

E aquele filme que iríamos ver?

E aquele jantar na sua casa?

E aquela mulher que eu deixei?

E nós?

Eu mergulhei no pouco que tive de você, tão raso que nem consegui molhar a ponta dos pés.

Eu poeta de bar preenchendo mais uma folha com minhas palavras sujas que não servem a ninguém.

Minha menina, eu errei em muitas coisas, inclusive quando tentei achar qualquer sinal de amor em seus olhos, o tempo foi cruel. Engenheiros do Hawaii acertou quando disse que o preço que se paga às vezes é alto demais. 

É… nada de anormal, amanhã ela vai voltar, nem que seja para dizer adeus ou nunca mais. Essa é a parte subentendida da música. nossa música, que agora depois de anos consigo ler as entrelinhas. 

Mas numa coisa eu acertei, nesse mundo com tantas pessoas, amores e fodas, encontros e despedidas, eu sei, você nunca me esquecerá

Não ouso dizer que seja por amor ou luxúria

Eu te dei o calibre, eu te dei seu melhor e pior lado, eu te dei tudo e quer saber? Foi de graça.

terça-feira, 21 de julho de 2020

De Encontro ao Desencontro

Nos desencontros da vida, eu juro que queria saber, meu bem. 

Em que dia nos perdemos, em que madrugada nos esquecemos.

Em qual esquina e mesa de boteco eu perdi você.

Em qual estação do ano aquela música deixou de ser nossa. e eu que gostava tanto de ouvi-la na sua voz. 

Eu juro que queria saber em que tempo as horas te levou, e o nosso amor empoeirou e virou um enfeite esquecido na estante. 

Eu congelaria aquele instante, só para mapear as marcas do tempo em tua pele e encontrar um caminho de volta, para tu que é o meu lar. 

Minha menina, te esquecer foi meu maior pesar, e minha maior calúnia contra o universo, eu fui rebelde e sem propósito deitei-me em outras camas, e até acho que amei outras mulheres, mas foi dos teus beijos que nunca me esqueci. 

Essas não são palavras de lamento, eu juro que não. É só que no meio da minha bagunça, das coisas que não me sangram, dos devaneios e até prazeres, eu ainda te olho com olhos de amor. 

Amor para ti, e vai-te porque eu sei, nosso tempo passou, mas como naquela canção démodé, eu não poderia deixar de dizer… "E se o tempo for te levar eu sigo essa hora e pego carona, pra te acompanhar…"


quarta-feira, 3 de junho de 2020

Diluição

Deixo -te e de ti só estou, sem amargura ou peito cansado
Deixo- te com um leito vazio e alma curada
Deixo-te sem prescrições, seu único remédio será a solidão e ela não machuca, amor.
Deixo-te como uma manhã nublada descobre o sol
 Deixo-te sem demora, sem drama, ofensas ou choro
Deixo-te sem pesar, sem dúvidas, minha menina-mulher, não há rancor
Deixo-te porque o mundo apesar de caótico, é belo
Deixo-te porque apesar dos dias, noites e "porquês" a vida sorri
Deixo-te porque o mundo é poesia, melodia e mais, muito mais que estar sozinho a dois.
Deixo-te e te vá, descalça, despretensiosa, porque o mundo, amor, precisa de singularidade e não de nós.
O nós oco, vazio e desolado, engravatado e subestimado.
Deixo-te desejando a ti, sorrisos e abraços sinceros, cores e mais, que tu encontre sentimentos insubstituíveis, a harmonia de sua canção que implode em teu verso. E me despeço, grata ao universo pelo nosso tempo, nossos beijos, corpos molhados, juras e momentos. Vou me em paz, vá também e não olhe para trás, meu bem..Te guardarei sempre como uma lembrança boa.